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    2011-01-17

    Homo Sapiens 1900



    Com um texto muito bem escrito, e muitas vezes assustador, o diretor varre os anos em que a Eugenia se tornou, digamos assim, moda, época em que, na Europa e nos Estados Unidos, cientistas racistas levaram a sério a idéia de uma limpeza racial e colocaram em prática esta ferramenta de manipulação da gênese humana. Mas a origem dessa ciência elitista data muito antes dela cair nas mãos de nazistas e fascistas. Começando no século 19, a Eugenia surgiu como uma filosofia social, baseada em métodos pseudo-científicos, a qual tentava aperfeiçoar a qualidade da hereditariedade humana de maneira que a produção de uma raça superior humana pudesser ser controlada. Estava, portanto, lançada a febre da boa procriação.

    O aperfeiçoamento da raça humana pode ser considerado um dos ícones da visão Utópica desde tempos helênicos. A seleção (nada natural) de genes e controle (manipulativo) da produção humana é um ideal que nos chega oriundo dos tempos de Platão, que acreditava que a reprodução humana deveria ser controlada pelas autoridades. Ele mesmo propôs que tal seleção deveria funcionar como uma espécie de "falsa loteria, manipulada pelo governo," de maneira que os sentimentos das pessoas não fosse atingido com a consciência dos princípios da prática seletiva. Outro sinal da Eugenia em tempos mais remotos é a prática mitológica de Esparta, que consistia em largar os bêbês de saúde fraca fora dos limites da cidade para que morressem no abandono.

    Mas foi o trabalho de Francis Galton, nas décadas de 1860 e 1870, que sistematizou a idéia e a prática da Eugenia em tempos mais atuais, através do seu "novo conhecimento a respeito da evolução do homem e dos animais," baseada na teoria de seu primo famoso, Charles Darwin. O conceito de seleção natural de Darwin encantou Galton e o cientista interpretou a idéia como um método potencialmente realizável de melhoria da raça humana, o que corroborava com a prática atemporal das sociedades de privilegiar os dotados de inteligência e desprezar as classes intelectualmente prejudicadas. Ela tinha intrinsecamente o caráter de extinguir aqueles intelectualmente (e fisicamente) fracos. Não demorou para que Galton tivesse a adesão de outros darwinistas, que logo começaram a trabalhar a idéia de que os fortes não deveriam ajudar os fracos. Eles não só acreditavam na evitação passiva da assistência, como na tomada de medidas ativas que defendessem a seleção natural por meio da hereditariedade intelectual - eles acreditavam que inteligência se herdava. Assim, segundo ele, "as sociedades ficariam livres da mediocridade."

    Na prática, a Eugenia ganhou apoio político e social e duas (ou três) classes operacionais: a primeira, considerada positiva, selecionava aqueles humanos "adequados" para se reproduzirem com mais frequência; a segunda, considerada negativa, proíbia aqueles humanos "desadequados" de se reproduzirem por meio da esterilização. A terceira classe, a qual também incluo aqui, é a da engenharia genética, que surgiria mais tarde. Em 1900, o movimento eugênico teve uma recepção calorosa nos Estados Unidos. Na década de 30, a maioria dos estados americanos adotaram a política eugênica de esterilização de sua população considerada geneticamente fraca (os defeituosos, como eram chamados), apoiados pela decisão infame da Suprema Corte americana de tornar tal política constitucional.

    A Eugenia não apenas defendia a procriação apenas dos nativos "adequados," como criou um movimento anti-imigração nos anos 1910 e 1920, a fim de evitar a miscigenação da raça, com o argumento de que negros e imigrantes eram inferiores aos nativos brancos em inteligência e condição física e moral. Em 1924, a lei de Restrição a Imigrantes foi aprovada, com os eugenistas ganhando papel central no debate congressista, como os especialistas no estudo de indivíduos indevidos na sociedade americana. A tal lei reforçou a proibição da miscigenação entre nativos brancos com imigrantes e negros e defendeu a todo custo a manutenção da seleção genética humana. Nessa época, a Eugenia era vista como o grande método científico e progressista da aplicação natural do conhecimento em favor da criação e controle da evolução humana. Antropólogos como Franz Boas e H. S. Jennings, que defendiam a pluricultura e a unificação das raças, com o argumento de que todas elas tinham o seu devido valor e importância, tentaram mostrar, por meio de estudos meticulosos, que os métodos eugênicos eram falhos e representavam uma farsa em suas pretensões. Mesmo assim, a moda pegou e parecia cada vez mais fortalecida.

    É claro que a Eugenia não poderia deixar de ser um dos pratos principais do banquete nazista. Com a idéia da purificação da raça ariana, a corrente capitaneada por Adolf Hitler se tornou famosa por seus inimagináveis programas eugênicos, antes e durante a Segunda Grande Guerra. Talvez aqui, a Eugenia tenha ganho seu ápice de surrealidade. Com a bandeira da "higiene racial," os nazistas desenvolveram uma ampla sorte de experimentos com a vida humana, desde testes genéticos os mais variados até à medição de características físicas ideais, como os impiedosos e terríveis experimentos com gêmeos, liderados por Joseph Mengele nos campos de concentração. Em 1933, a Alemanha esterilizou todos os seus judeus e crianças alemãs miscigenadas. Nos anos 1930 e 1940, os nazistas extenderam a esterilização a todos os alemãs considerados mental e fisicamente "defeituosos," além de literalmente matarem centenas de doentes descapacitados por meio de um institucionalizado programa de eutanásia. O novo regime hitlerista implementou uma série de políticas eugênicas para promover a raça ariana pura, uma delas exigia que mulheres consideradas aptas a pertencerem a tal raça ariana, fossem emprenhadas por oficiais da SS. O mesmo regime selecionou, segregou e sistematicamente assassinou milhares de indivíduos que não atendiam às novas exigências raciais do país. O resultado final do programa alemão de Eugenia levou ao Holocausto, com um total de seis milhões de mortes.

    O ponto de reflexão nisso tudo - para que esse texto não fique apenas numa base teórica - é identificarmos a herança do método eugênico que ainda nos afeta nos dias de hoje. Não apenas cientificamente, com a possibilidade da clonagem humana, ou socialmente, através da exclusão social, promovida por muitos governos, mas, sobretudo, individualmente, com o preconceito racial. A idéia da aceitação de uma raça "condizente" com a nossa e uma "tolerância" sublimiar à pluricultura norteiam de alguma forma as relações em sociedade.

    No documentário, Cohen garimpa preciosos documentos de época que servem aos seus propósitos. Uma dessas cenas, feita por um cinegrafista anônimo, registra a feira de Paris, nos anos 30. Em outra aparece os pavilhões da Alemanha nazista e da União Soviética stalinista, um de frente para o outro. A bandeira com a suástica tremulava em frente das estátuas do homem e da mulher que elevavam bem alto os símbolos da higienização racial. O nazismo e o stalinismo são os principais alvos da crítica de Cohen, pelo uso negativo que fizeram da Eugenia. A obra do sueco Peter Cohen é fundamental para entendermos muitos dos nossos atuais pecadilhos sociais, históricos, raciais e políticos, a presunção humana, a origem do preconceito, entre outras muitas distorções no entendimento da evolução humana.







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