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    2011-01-17

    The Karate Kid

    Dre Parker (Jaden Smith), um garoto de 12 anos que poderia ser o mais popular de Detroit, mas a carreira de sua mãe acaba os levando para a China. Imediatamente, Dre se apaixona pela sua colega de classe Mei Yin, mas as diferenças culturais tornam essa amizade impossível. Pior ainda, os sentimentos de Dre fazem com que o brigão da sala e prodígio do kung fu Cheng torne-se seu inimigo. Na terra do Kung Fu, Dre conhece apenas um pouco de karate e Cheng irá mostrar ao “Karate Kid” que seus conhecimentos não valem nada. Sem amigos numa nova cidade, Dre não tem a quem recorrer exceto o zelador do seu prédio Mr. Han (Jackie Chan), que é secretamente um mestre do kung fu. À medida que Han ensina Dre que o kung fu é muito mais que socos e habilidade, mas sim maturidade e calma, Dre percebe que encarar os brigões da turma será a aventura de uma vida



    Never say never (= nunca diga nunca), é o nome da única música presente no original e no remake de Karate Kid. Por isso que, mesmo diante da fustração deste aguardado filme ser exibido em Maceió apenas na versão dublada, motivo que me fez pensar em esperar o seu lançamento em DVD, não disse que nunca iria assisti-lo, e acabei cedendo a ansiedade, indo assistir na última tarde de segunda-feira. Afinal de contas era a nova versão de um filme que acompanhou a minha infância, na saudosa Sessão da Tarde e Temperatura Máxima de outrora. Sem falar que o novo filme tinha ninguém menos que Jackie Chan, um dos meus atores favoritos, fazendo, finalmente em Hollywood, um personagem que não é cômico e bobo como os que os produtores norte-americanos costumam escalá-lo.


    A nostalgia já começou na fila da bilheteria do Cine Maceió 1. Muitas pessoas da minha faixa etária, algumas com a desculpa de levar seus filhos, sobrinhos, afilhados, filhos do vizinho para assistir o filme, e outros como eu, que não se envergonharam de ir sozinhos ao cinema assistir um filme feito para adolescentes O que unia  todos era mesma ansiedade de ver a nova versão de um filmaço que marcou a nossa infância.


    Ainda na fila lembrei de quando soube pela primeira vez que iram fazer o remake deste clássico do cinemão pop dos anos 80. Confeso que logo não gostei, pois se eu já torcia o nariz para as três continuações, imagina um remake. Mas também não fui como muitos fãs radicais do original que até queriam boicotar o novo filme. Depois fiquei sabendo que o Jackie Chan faria o papel do Sr. Miyagi, feito brilhantemente pelo saudoso Pat Morita. Minha preocupação aumentou porque achava um Jackie um pouco novo para o papel. Só fiquei aliviado mesmo ao ver nas primeiras fotos de divulgação que o elenco tinha sido rejuvenescido. Com a chegada do trailer, deixei de lado a implicância inicial e entrei no clima de ansiedade aguardando a estreia.


    Finalmente na segunda-feira a minha ansiedade terminou quando assistir o segundo filme mais aguarado por mim este ano. A história é a mesma, só que um pouco mais realista que o original, exceto, pelo romance do original entre os personagens dos bons atores Ralph Macchio (que tinha 24 anos, mas por sua cara de menino, convenceu como o adolescente de 14 anos, Daniel) e Elisabeth Shue (a linda atriz que deu vida a Ali, que anos depois iria a ganhar o Oscar por outra marcante interpretação), que por serem  pré-adolescentes  nesta nova versão não decorou e ficou parecendo "aquela brincadeira de beijar", parafraseando a música tosca do também tosco grupo de pagode Molejo. Mas em compesação, ao contráro do casal original, o casalzinho do remake protagonizam algumas cenas marcantes como a  bonitinha e hilária cena do primeiro (e único) beijo, e a engraçada disputa num jogo eletrônico de dança no parque de diversão, onde a chinesinha Mei supreende  Dre e ao público, arrebentando, dançando Poker Face da androgéna e dublê de Madonna Lady Gaga, colocando o break dele no chinelo. A química do casalzinho do novo filme é mais vísivel,  demostrando mais simpatia e carisma que o casal original, que assim como esse, era formado por dois excelentes e carismáticos atores.


    No novo filme temos o simpático Dre Parker se mudando com a mãe de Detroit (Eua) para Pequim (China)  (ao invés de Nevada para Los Angeles do original), onde encontra um novo amigo (como no original só aparece nos primeiros minutos e some do filme quando a coisa aperta para o protagonista), uma paquera,  um rival ciumento e seus colegas, alunos de um péssimo professor de artes-marciais, leva algumas surras, até ser salvo pelo zelador do prédio que mora, que na verdade é um mestre de kung-fu (no original, era Karate). Enfim, mesma história que conhecemos, com direito a uma cena que faz paródia ao original (bem ao estilo de comédias deste gênero como Todo mundo em pânico e cia), até mesmo com muitas  falas idênticas ao original.


    O personagem principal Dre Parker é mais engraçado, convicente e até apanha mais que o Daniel Larusso do original. O carismático Jaden Smith, que com seus pouco doze anos de idade,  prova a veracidade  do ditado filho de peixe, peixinho é. Jaden é um Will Smith em miniatura e assim como o pai, esbanja simpatia e também um excelente ator, se saindo bem tanto nas cenas dramáticas, como nas cômicas. Sem falar que o garoto na vida real pratica artes marciais desde dos três anos de idade, o que deu mais veracidade ao seu personagem Dre Parker, que ao fracote e desengoçado Daniel Larusso de Ralph Macchio. A mãe do protagonista é mais destacada neste filme, ao contrário do original que pouco aparecia. Sobre ela, tive a agradável supresa da mesma ser dublada pela mesma atriz que dublou a mãe de Daniel San, no filme original. Se Will Smith, produtor do filme afirma que este filme é uma homenagem ao original, aposto que não contava com essa homenagem dos dubladores brasileiros.


    Este remake chega a ser superior ao original já que as cenas de treino e também de  lutas mais emocionantes e realistas, logo um pouco mais violentas, fazendo o original, neste quesito, não ser nada convicente e até tosco. Provavelmente, pela influência dos atuais games, que fazem as lutas do original Karate Kid, serem patéticas e bobas. Mas as marcantes coreografias, sobretudo as poses pré-lutas continuam lá, tão imitadas pelos telespectadores após assiti-lo. Voltei no tempo, ao ver um garotinho aparentando seus oito anos, que estava sentando a minha frente, imitando um dos movimentos com o braço feito por Dre. Na idade dele, eu e os meus colegas imitavamos o  tosco e hoje nada convicente "golpe" da garça, dado por Daniel Larusso que lhe garantiu a vitória na luta final.


    Evidente que como cinemão pop, tem também as suas incoerências e falhas no roteiro. Se no original, o golpe citado acima era irreal, neste novo filme temos o fato de quase todos os personagens chineses do filme falarem em inglês e, no campeonato de Kung Fu, todas as lutas são  ganhas  com dois pontos, mas na final, são necessários três pontos.  Mas são falhas costumeiras que não tiram o brilho e o status de excelentes filmes das duas produções.


    O mais supreendente deste filme sem dúvida é Jackie Chan, que apenas não faz um Mestre Han tão marcante quanto o saudoso Sr. Miyagi, imortalizado por Pat Morita, mas também faz o seu melhor personagem em um filme norte-americano, que na minha humilde opinião, merece uma indicação ao Oscar e a outros prêmios por sua interpretação magistral. Ele supreende com um personagem mais contido, sério mas com senso de humor, que impõe respeito de um verdadeiro mestre, mesmo sendo bastante humilde, carcterização que Jackie fez perfeitamente. Fiquei feliz e emocionado em, finalmente, ver o  Jackie Chan fazendo um personagem em Hollywood à altura do seu talento como ator, fora do costumeiro bobo lutador.


    A quimíca entre os protagonistas, Jaden Smith e Jackie Chan é tão perfeita quanto de Ralph Macchio e Pat Morita do filme original, gerando também várias cenas memoráveis e engraçadas, repletas de lições de vida. Uma cena particularmente me chamou a atenção e me emocionou bastante: como no original, o mestre toma um porre para esquecer os seus prós, mas a cena deste remake é superiormente emocionante, finalizando com um gesto do garoto Dre que dar ao Sr. Han e a nós, uma linda e tocante lição de vida. Para mim, este foi o  ponto alto do filme que marcou a perfeita química entre os protagonistas.


    Já a trilha sonora deste filme, mesmo contando como nomes mais famosos como a pseudo-Madonna Lady Gaga, o heavy metal de AC/DC, Red Hot Chilli Peppers e o garotinho famoso da vez, Justin Bieber, não chega a ser péssima, mas  perde feio para as marcantes músicas do filme original, formada por artistas famosos nos EUA nos anos 80, mas total ilustres desconhecidos para nós e para os dias de hoje. O resultado prejudicou bastante o impacto emocional nas cenas das lutas do campeonato, deixando estas cenas  muito a desejar, passando longe da memorável Your Best Around, que tocou durante boa parte das lutas do original. Em compesação nossos ouvidos são poupados da grudenta versão de Never say never, cantada pelo viadinho do Justin Bieber com a participação do protagonista, que só toca nos créditos finais, sendo um perfeito instrumento para nos incentivar a uma saída mais rápida do cinema.


    Enfim, com excelentes e realistas cenas de treino e luta, imagens dos cartões postais da China e convicentes interpretações do elenco, o remake de Karate Kid é um excelente filme, tão bom quanto o original, muito bem feito e não decepciona, com alguns pontos melhores e outros inferiores ao filme de 1984. Uma homenagem digna do original.


    Deveria parar neste filme, mas tudo leva a crer que Will Smith e sua senhora, produtores do remake, seguirão o eterno pensamento hollywoodiano "never say never para continuações de filmes campeões de bilheteria", já que está sendo divulgada a possibilidade de continuação, inclusive com rumores que  contará com a presença do protagonista do original Ralph Macchio, fazendo sei lá qual personagem (seria a volta de Daniel Larusso como mestre?). Particularmente, acho que o remake de Karate Kid, mesmo sendo um excelente filme, não merece ter contiuação, pois corre o risco de 99% das continuações, ou seja, de  serem filmes medíocres, inferiores e até vergonhosos em comparação aos primeiros. A série original Karate Kid é um excelente exemplo que filmes excelentes e completos, não precisam de continuações. Ou será que o novo Karate Kid será um exceção a esta regra? No futuro, saberemos.


    Ralph Macchio e Jaden Smith na pré-estreia do remake de Karate Kid.

    Encontro histórico de Daniel Larusso e Dre Parker pode se repetir na tela.
    Rick Pinheiro.
    Cinéfilo saudosista. 





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