A Cor do Paraíso - Rang-e khoda

Filme é de fácil entendimento ocidental, ou seja, passa longe de longos paradigmas culturais, apesar de que esse tem um pouco disso, acerca de costumes dificilmente compreensíveis até para nativos iranianos. Ou seja, não é um filme existencialista continental, como nós temos alguns, e alguns filmes franceses são. Quero salientar que eu não estou estereotipando nada aqui… É só uma observação não técnica. A Cor do Paraíso foi produzido provavelmente com apoio do ministério da criança e da juventude, como é costume nos filmes Iranianos, e por isso usa de um artifício juvenil para passar sua mensagem. Conseqüências da ditadura.

O filme é delicado e direto, pode-se dizer que há uma retórica religiosa ao fundo, mas ela passa despercebida com a envolvente história do menino cego, Mohammed (Mohsen Ramezani) que volta depois de meses estudando em uma escola especializada para suas especificidades, indo para a casa da avó, ansioso para estar com as irmãs e absorver ao Maximo o que oferece o ambiente a sua volta. Aplicar o que aprendeu a plantas, pássaros, grandes pradarias por onde pode sentir o que não pode ver. Lembrei um pouco do filme do Ray Charles, quando Mohammed consegue encontrar um ninho de pássaros só pela audição, e a ponta de seus dedos são seus olhos.

Este é um dos mais bonitos e emocionantes filmes dos últimos tempos. Uma produção iraniana que recebeu muitos prêmios mundo afora.

A Cor do Paraíso narra a comovente história de Mohammad, um menino cego de oito anos que mora numa escola para deficientes visuais e que, nas férias, volta para seu vilarejo nas montanhas, onde convive com as irmãs e sua adorada avó. O pai, um carvoeiro viúvo, se prepara para casar novamente. O amargo Hashem vê Mohammad apenas como um peso em sua vida. Toda a adoração que Mohammad sente pelo seu mundo é equivalente à tristeza com que seu pai encara os desenganos que lhe foram trazidos pela vida.

Mohammad é um garoto muito vivo, que tem uma enorme sensibilidade. Seu jeito simples de "ver o mundo" é uma lição de vida.
As paisagens por onde passam são ásperas, mas verdejantes e espectaculares, estimulando os sentidos do menino, que já é naturalmente antenado a seus arredores. Mas o esplendor e alegria demonstrados por Mohammad não causam qualquer impressão em seu pai depressivo. Se muito, ainda aumentam sua melancolia. O amargo Hashem vê Mohammad apenas como um peso em sua vida. Toda a adoração que Mohammad sente pelo seu mundo é equivalente à tristeza com que seu pai encara os desenganos que lhe foram trazidos pela vida.

Chegando à fazenda da família, Mohammad é cumprimentado com amor por suas duas irmãs felizes e afortunadas e sua amada avó (Salime Feizi). É um deleite para ele estar nos braços de sua família, neste ambiente de profunda beleza. Este retorno é, para ele, um convite à observação da natureza e da existência. Meditações, sobre as quais, nada sabe seu pai.

Mas a pouca paz de Mohammad é ameaçada quando seu pai teme que o menino seja um obstáculo à suas esperanças de casar-se com uma jovem mulher bonita de uma família islâmica conservadora. Hashem segue com sua idéia egoísta de mandar o menino viver em uma outra área do país, onde deve transformar-se em aprendiz de um carpinteiro cego.

O pai não o aceita, tem afeição e responsabilidade pelo garoto, mas não consegue lidar com sua condição, é incapaz de entender qualquer coisa. Ele quer se casar novamente, viúvo, e por isso, algumas vezes, parece querer abandoná-lo. Não consegue, e o leva para aprender o oficio de marceneiro. O menino é muito ligado a avó, e quando o Pai o afasta da velha senhora, esta adoece. Provavelmente pneumonia.

A película é bem cuidada, cenas com penas de aves voando através dos ares, cores, tintas feitas com flores, água, calor, terra e até um denso nevoeiro, tudo é absorvido pelo atento menino. O final tem uma dualidade, fica uma pergunta, e acho que cada um deve entender da forma que achar melhor, cada um enxerga de uma forma diferente, e sente o íntimo de uma forma particular e pessoal.

Título Original: Rang-E Khoda / Color of Paradise, The

Gênero: Drama

Origem/Ano: IRÃ/1999

Duração: 90 min

Direção: Majid Majidi

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